LUCIANO DINIZ
( Bahia – Brasil )
Residente em Salvador – BA.
PÉRGULA LITERÁRIA VI Antologia. Poesias vencedoras do VI Concurso Nacional de Poesia “Poeta Nuno Álvaro Pereira”.
Valença, RJ: Editora Valença, 2004. 202 p. Ex. bibl. de Antonio Miranda
POESIA DE RUA
Ponte de ônibus, camelô na calçada.
Mulher gestante,
Arrastando menino magrelo,
Que sonha com um caramelo,
Às vezes deixado.
Vida agitada, inchada e prensada.
Da janela de um edifício elegante
Um velho trava conflito,
Com um passado distante.
Observando de longe,
Pobres meninos errantes...
Metrô, automóvel de doutor
E janela de trem,
De onde alguém observa o que não tem,
Graça e desgraça passam com pressa,
Olhos invadem vidraças.
Lojas expõem o que tem,
AH! se eu tivesse um vintém.
Rio de gente, corre latente,
Enfrenta o batente.
Corrente sem elo e boca sem dente.
Eu sou um pretendente,
Ah! se eu tivesse um parente influente.
A noite vem andando de trem,
Chego em casa atrasado,
Beijo a mulher,
Com um beijo suado,
Entrego a ele um saco de pão amassado.
TRIBUTO À MULHER
Mulher da vida, mulher de rua.
Mulher de casa e mulher nua.
Senhoras de corpo cheiroso,
Mulher da matriz e mulher meretriz,
Mulheres que fazem a vida feliz...
Corpo macio, às vezes vadio.
Coração sonhador, acostumado com a dor.
Sorriso de paz chorar nunca mais.
Mulher sem idade, mas com vontade.
Mulher dividida, mulher parida e mulher ferida.
Mulher ou menina traquina,
Em cada esquina busca um sonho de paz.
Carrega consigo a ternura capaz, gigante que faz,
A vida brotar de dentro de si.
Trabalho de paz, no seio o alimento,
No corpo o acalento e na casa a paz.
Mulher querida, às vezes comprada e vendida,
Com afeição consegue o pão.
Cura ferida no coração do homem,
Que na noite vem buscar o que não tem.
Noite de glória e coração de ilusão.
Esta mulher magrela,
Que equilibra na cabeça a tigela,
Enfrenta o percalço, com os pés descalços.
Mulher que se contorce no sexo e parte no parto.
Mulher, magia, sexo e prazer.
A grande deusa do ser.
Na avenida da vida corrida,
Mulher manequim, gostosa.
Mesmo sem vida sorri para mim.
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Página publicada em fevereiro de 2022
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